Nosso aluno da Sexta Fase Manhã Ismael Alberto Schonhorst, o famoso Fly, emplacou mais um texto no também famoso
Cinema com Rapadura. Para ler e curtir.
Olá velho amigo, como tem passado? Disseram por aí que estavas doente, se não me engano até que tinhas morrido, mas pelo jeito estás bem. Como estava sem novidades no front, e resolvi dar uma passada aqui em sua casa, para lembrar os velhos tempos. Boas lembranças, não? Passamos diversas aventuras fantásticas juntos. Por falar nelas, sabes por onde anda aquela nossa turminha divertida? Estou com saudades de quando aprontávamos mil e uma confusões. Éramos realmente do barulho! Sabíamos aproveitar, sempre curtindo a vida adoidado. Claro, nem tudo foi tão divertido assim, lembro que você já me contou diversas histórias tristes, por algumas, sou muito grato. Aprendi muito contigo, sempre fosses um de meus mestres, e acima de tudo, um grande amigo. Não só meu. Amigo de diversas pessoas, e de algumas várias delas, você tem me falado durante anos.
Mas ei, como vai Woody? Como vai Martin? Saudades de Bogart e Marilyn. E Ingrid, sempre pensei que havíamos sido feitos um para o outro, com ela desejaria ter tido uma “love story”. Ah, fiquei sabendo que Robert e Al até voltaram a se falar, é verdade? Bem, vou parar por aqui, para não desmerecer nenhum de nossos bons companheiros, simplesmente uma questão de honra mesmo. Que bom que tive a chance de conhecer tanta gente através de você, pois eles vem, e vão, mas seus contos ficam imortalizados, não é mesmo, Sr. Cinema? Sr. Contador de Histórias, perto de ti, todos somos um livro aberto, e nossas histórias uma odisséia. Por falar em livro, bela estante esta. Seu decorador tem muito bom gosto, igualmente seu arquiteto, dirigindo muito bem sempre a construção de sua morada, onde guardas este material fabuloso, onde estás, e contigo as memórias. Vejo na parede, e tenho que dizer, esta sua fotografia é maravilhosa, e espere, desculpe mudar de assunto, mas que ritmo quente é este ao fundo? Viu, mais um motivo pelo qual adoro te visitar, sempre me apresentas cantores, bandas, orquestras, e claro, suas músicas, nem sempre novas, mas ajudas a construir a trilha sonora de minha vida com estas descobertas que faço contigo. Parece até que tens um sexto sentido para adivinhar em qual clima estou, por exemplo, ontem eu estava mais para algo vindo de um cantor de jazz, mas agora acertastes no ponto que eu queria algo agitado, quanto mais quente melhor.
Sério, não deixe mais falarem por aí que estás no fim da vida. Eu lembro que tens tido alguns momentos não tão memoráveis, mas todos temos as vezes um dia de cão, não é de hoje. As pessoas tem te visitado menos, e as vezes bagunçado sua mobília, atrapalhando nós, inocentes, que ficamos em silêncio para te ouvir e ver melhor. Bando de amigos da onça, irritantes de fato, mas logo vão embora, não precisa ficar com psicose perante isso. Eu, e tantos outros, sempre vamos querer ver o que tens de novo para contar, és um verdadeiro guerreiro, um lutador! Vais sobreviver aos novos tempos, é tudo uma questão de adaptação.
Bem, já está ficando tarde, mas o trânsito deve estar um apocalipse agora. Acho que vou para casa a pé, não corro risco de ficar aí perdido no calor da noite, estou hospedado aqui perto no grande hotel, lá na rua 42.
Até mais amigo, logo estarei de volta, pois sei que sempre irás me receber bem.
Obrigado por tudo. Boa Noite, e boa sorte!